quinta-feira, 13 de fevereiro de 2014

Que doença...

Hoje não consegui conversar com meu pai. Ele esta ainda falando o tempo todo, escolhe uma frase e repete por um tempão. Mas hoje ele não responde minhas perguntas. Hoje estou bem angustiada. Acho que eu estava sempre muito firme, lidando com tudo de forma muito fria. Mas gente, que dificil! Olho meu pai tao fraquinho, magrinho, mãos tremendo, olhos sempre semi-abertos, repetindo frases sem sentido. Que doença horrivel! Vai levando devagar toda a vida! Meu pai sempre foi super agitado, gordinho, falante. Sempre gostou de viajar, passear, de comentar coisas que via na televisão. É triste demais ver ele assim.

Me revolto comigo mesma por ser uma pessoa tao preocupada com bobagens no meu dia a dia. Mesmo depois da minha mae ter cancer e morrer, eu nao aprendi que na vida ter saúde é tudo. Se você nao pagar uma conta, nao ter a melhor roupa, nao souber as respostas, nao souber esconder suas olheiras, nada disso é razao para se preocupar, pra perder o sono ou o apetite. Se você acordou, teve o que comer, nao tem dor, consegue fazer suas coisas sem ajuda de ninguem, que vida boa!

As vezes eu falo: "Oi pai!", e ele responde:"Oi filha". Ja é o suficiente para mim, ele sabe que estou aqui. Mas hoje a tarde ele ficou super agitado de repente, falando que o sol estava o queimando. Falei com ele que ele estava seguro comigo, e perguntei meu nome. Ele disse: "Maria Dinalva", minha mãe.

Hoje vou passar minha quinta noite aqui no hospital direto. Não é tão ruim quanto parece. Onde eu durmo é confortável, tem TV, eu trouxe meu computador. E meu pai é bonzinho. As enfermeiras mesmo dizem. Ele nao reclama. Amanha meu irmão vem, mas parece que nao quero sair daqui. Ja fiquei tanto tempo longe, quero que meu pai saiba que estou aqui.

Um comentário:

  1. Força querida!

    Tenho acompanhado o seu drama. Conte com a minha solidariedade. Abraços

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