E veio assim, de repente, ás 4:32 da tarde, quando já era noite: um agigantamento do mundo. De tão grande, não conseguiu andar, os passos eram tão pequenos. E chovia, e o guarda-chuva se contorcia, e as botinhas de chuva não davam conta da tempestade. Foi chuva como não se via há tanto tempo. E no chão estavam reflexos de verde, e amarelo, e vermelho, e verde de novo. E todo mundo esperava, seguindo a ordem das coisas. Dorme, trabalha, come, dorme. E os passos ja tão pequenos, ficaram mais lentos, pois o mundo agigantado era carregado nos ombros. Que peso. Foi preciso deitar. E chorar, de dor. Porque doía. Precisou de gelo, e sopa, e silêncio. E lembrou de como é boa a solidão, cheia de conversas internas. Diferente não pode ser. Aumentaram-se as distâncias, para chegar na padaria, no amigo, no vizinho. De tão longe ninguém nem mais via ninguém. Quanta neblina! Perdeu os óculos. E teve, por um segundo, uma lembrança em forma de sombra, fria e cortante: "minha mãe não tem telefone" - a pior forma de se estar sozinho no mundo gigante. Que de tão gigante em distância, escolheu-se no tempo, e virou quase nada. Em 100 anos vai ser tudo areia. E contentou-se em dormir, e esperar um novo dia. Que dia o sol se pōe as 7:15?
PS. Mais uma pequena coincidencia desse mundo misterioso. Fui olhar, "por acaso", aqui o sol vai se por as 7:15 em 4 de abril. Presente da/para minha mãe, que nao tem telefone mas sempre encontra outras formas
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