terça-feira, 4 de abril de 2017

55 voltas no sol

A Terra já deu exatas 55 voltas no sol desde o dia que nasceu a primeira filha menina do seu Zé e da dona Benedita. E foi até acontecimento comum, na família da roça que tinha tanto filho e filha. E no cenário do mundo então, com milhões e milhões de pessoas, foi caso bem mesmo ordinário. Mas no livrinho da vida da Aline, do Tiago, e de um bocado mais de gente, aquele foi o dia de um milagre. Nasceu a menina de olhos grandes de jabuticaba, e ela cresceu meio que sofrendo, sem mãe, sem muito apoio, e meio que desamparada, se tornou um ser iluminado, daqueles que chamam por aí de "mãe". E ela fez do mundo um lugar melhor para algumas pessoas, e os deu amor, não em forma de palavras ou abraços, mas em forma de cuidado, zelo, e atenção. E lá pela volta número 46 foi o dia que mesmo parecendo qualquer outro, expirou-se a mágica. Como uma vela que se apaga. Como uma nuvem que tampa o sol. Como o trem que vai embora e nos deixa na estação. Acabou. E foi tanto amor que ele ficou, jogado por ai, em petálas lilás e estrelas cadentes. E hoje celebro com um sorriso o dia 4 de abril, o dia em que minha vida se tornou uma boa vida mesmo antes de eu nascer. O dia que chegou quem mudou o mundo, para um bocado de gente. E até a minha vez de dar a última volta no sol vou sentir saudades que nem cabem nesse universo.