quinta-feira, 12 de junho de 2014

Uma longa historia com muitos cachorros (Hoje a Boli foi embora)

Hoje estou muito triste. Minha cachorrinha mais velha, a Boli, morreu. Estou muito chateada porque se tem uma coisa me deixando muito angustiada recentemente é a situação das minhas cachorrinhas. As três ficaram na minha casa, que agora está vazia, porque onde meu irmão mora nao tem espaço. Logo logo ele terá esse espaço, mas por enquanto elas estao la em casa, sozinhas, e minha tia toma conta delas.

Nao gosto de pensar muito nelas, porque me angustia demais. É como se de tudo que formasse nosso lar naquela casa tivesse indo embora, e elas ficassem, quase que abandonadas. Não literalmente porque minha tia vai la todo dia, dar comida e limpar, e meu irmao anda indo visitar. Mas cachorrinhos sao bem sociáveis, gostam de gente, e as minhas sempre foram muito apegadas a nossa familia.

Minha família sempre adorou cachorros, acho que por culpa da minha mãe. Quando eu tinha 3 anos (e meu irmão 6 meses!) ganhei a Susi, nossa primeira cachorrinha. Ela foi criada mais no quintal, e eu e meu irmão brincávamos demais com ela! Mudamos de casa, a Susi mudou com a gente. Ela teve filhotinhos, uma época que ficou marcada pra sempre na historia da minha familia. Ate hoje e eu meu irmao lembramos de cada filhotinho, de cada nome, de cada dia que eles foram embora de casa. Em 2005, quando eu estava no primeiro ano da faculdade,  a Susi morreu, com quase 17 anos. Eu chorei por quase 2 dias, e acho que foi minha primeira grande perda. Nós perdemos uma parte da familia. Meu irmao nem sabia o que era a vida sem a Susi.

Quando a Susi morreu, sua companheira era a Mili, uma Dachshund pretinha, muito meiga e carinhosa. A mili ficou doente uma epoca, e descobrimos que era diabetica. Ela tomava insulina e tudo. Minha mae se apegou demais a Mili. Todo dia a noite, na hora de comer, minha mae chamava a Mili e ela vinha toda feliz, pulando igual um boizinho. É uma das cenas felizes da minha familia que nunca vou esquecer. A Mili ficou sozinha um tempo, sem a Susi.

Um dia minha mae apareceu em casa com uma cachorrinha tambem dachshund pretinha, mas muito pequena e magrinha. A cachorrinha estava muito doente, maltrada. Tinha uma forte pneumonia! Fiquei ate brava porque achei que ela podia passar alguma doenca pra Mili. A cachorrinha nova era a Boli. Veio de uma outra casa em que a maltratavam. A chamavam de bolinha, mas ela era tao magrinha que cortamos uma parte do nome, virou so Boli. Ela tinha tanto medo que quando a gente a pegava no colo, ela nao se mexia. Se a gente colasse ela de novo no chao, tambem nao se mexia. Aos pouquinhos minha mae e meu irmao trataram a pneumonia, e ela virou uma cachorrinha super carinhosa e alegre. Ela ficou tao agradecida que queria ficar perto da gente o tempo todo. Lembro muito bem das vezes em que ela se aconchegava com a gente, olhando em nossos olhos com olhar de agradecimento. Aos poucos ela fez da nossa casa sua casa. A Mili e a Boli ficavam muito dentro de casa, nos sofas, de manhã iam nos acordar, uma fase muito boa! Meu irmao sempre lembra que quando fazia cursinho, todas as noites minha mae ia no portao esperar ele chegar. Quando ele aparecia na esquina, a Boli corria em sua direcao.

Por conta da Mili ser diabetica, uma vez levamos as duas para uma de nossas viagens de final de ano para Ubatuba. Uma viagem tambem cheia de cenas da nossa familia que ficam guardadas aqui com a gente.

Um dia de 2007 a Mili de repente morreu. Ela tinha uma doenca cronica, e sabiamos que a expectativa de vida era menor. Mas minha mae levou um susto! Nao lembro de ter visto minha mae tao triste antes! Ela chorou um final de semana inteiro. Eu cheguei de SP numa sexta a tarde, e meu irmao me encontrou no portao para contar. Tinha sido naquela manha. Ao entrar em casa, me deparei com minha mae chorando sem parar. Lembro que a Boli tambem ficou meio sem entender quando viu a Mili ali, paradinha, sem vida. Nao sei ate onde eles entendem.

No final daquele ano, minha mae voltou do mercado (feira de frutas) com um filhotinho. Essa é outra historia classica da minha familia.  Meus pais foram ao mercado e viram um homem bebado na rua vendendo um filhotinho. Ele pediu 5 reais, mas minha mae so quis dar 2,50. Era a Piti, uma viralatinha, comprada por 2.50. Nao sei se o bebado deu pinga para a Piti, mas desde pequena ela era muito doidinha. Tambem foi pra praia com a Boli uma vez, e destriu o sofá da casa em que ficamos.

No final de 2008 meu pai, eu e meu irmao nos preparávamos para passar nosso primeiro natal sem minha mãe. Meu pai teve uma ideia para o verão ser mais feliz : e se a boli tivesse filhotinhos? Sempre achei que a Boli era doentinha, por ter umas crises de asma as vezes. Mas a danadinha deu conta do recado! Arrumou um namoradinho (o irmao da Mili, o Tobias), e logo ficou gravida. Passamos o ano novo na praia, e tivemos que levar ela, com medo de ela precisar da gente para o parto. Temos muitas fotos dessa viagem, da Boli muito barriguda! No dia que chegamos de Ubatuba ela comecou a dar sinais que logo seria o parto. Fiquei com ela toda a madrugada! Por volta das 4 da manha ela escolheu um cantinho, e teve 5 lindos filhotinhos! Ela foi uma super mãe, e teve a ajuda da tia Piti. Resolveu ficar com uma das filhotinhas, uma que era vesguinha e muito dengosa! Assim chegou a Bel.

A Bel é talvez a cachorrinha mais carinhosa que ja tivemos. Ela deixa de comer para ficar com a gente! E sempre sempre foi muito apegada a Boli. Sempre dormiram juntas, comiam juntas. A Bel passava horas lambendo a maezinha. Hoje vi varias fotos e foi dificil achar alguma em que a Boli estivesse sozinha.

Entao desde 2009 temos a Boli, a Piti, e a Bel. Boli e Bel sempre juntas, tomando sol. Piti as vezes com elas, e muitas vezes pulando sem parar. E as tres que estavam la tambem quando meu pai ficou doente. Foi uma fase dificil, em que elas dependiam mais do carinho delas mesmas do que nosso. Meu pai ja nao podia dar tanta atencao. E nesse tempo a Boli tambem ficou doente.

Talvez ela precisasse de cirurgia, talvez ate quimio. Infelizmente nao demos conta de cuidar, por toda a situacao do meu pai. Mas ela se manteve forte. Comia bastante, corria, pulava. Ano passado, perto de novembro, ela ficou muito ruim. Meu pai e meu irmao me disseram que ela iria morrer logo, e eu fiquei muito triste porque eu nao lembrava de como tinha sido a ultima vez que tinha visto ela. Eu sabia que tinha sido em junho, quando eu voltei pros EUA. Mas eu nao lembrava do rostinho dela me dando tchau. No final ela melhorou e tive outra chance.

Esse tempo que passei no Brasil depois da morte do meu pai fiz questao de aproveitar mais a Boli. Brinquei mais, deixei ela mais dentro de casa. Ela dormia tanto, gostava do sofa. Um dia a levei na veterinaria, e ela ficou deitadinha tao boazinha na maca, deixando ser cuidada. Uma gracinha de cachorrinha!

Quando me despedi dela em abril eu sabia que nao a veria mais. Ela era mais uma das coisas que eu deixava para trás para sempre.

Uns dias atras meu irmao me disse que ela tinha piorado. E hoje ela morreu. Ate ontem comeu. Hoje quando minha tia chegou, ja encontrou ela descansando para sempre.

Sei que ela precisava desse descanso. Ela tambem tinha cancer, uma doenca que ja tirou tanto e tanto da gente. Mas ainda assim fico triste. Fico com pena de nao estarmos la, de nao poder ter dado mais conforto pra ela nesse momento. A gente sempre construiu laços muito fortes com os cachorrinhos que passaram por nossa familia. Tanto meu pai e minha mae, nos momentos em que ficaram em hospitais, longe delas, choraram de saudade e preocupação. Eles sempre foram tao bem tratados. Infelizmente ultimamente nao pudemos fazer muita coisa por eles. Nao vejo a hora de meu irmao ter elas de novo todo dia com ele. E espero que a Bel saiba se adaptar no mundo sem sua maezinha. Infelizmente de novo nao estarei la pra ajudar.

Mais um buraquinho foi feito hoje em nossas vidas.

Esta foto foi tirada em 2009. Meu irmão, meu pai e eu, segurando a Piti, a Bel e a Boli. Lá no fundo tem um porta retrato com minha mãe segurando a Mili.



É uma foto com minha família, quatro pessoas, segurando quatro cachorrinhos que fizeram parte da nossa alegria do dia a dia! Saudades sempre, de tudo, de todos! E escrevo aqui, dessa forma tao baguncada e sem muita preocupacao com a escrita. Escrevo mesmo pra colocar essa saudade no papel, e tirar um pouco esse peso aqui dentro. Tanto foi perdido nos últimos meses, que ainda nao consegui dar conta de entender tudo.








Um comentário:

  1. Pra variar, estou emocionada. Que Deus te ilumine... Sempre! Abraços.
    Mara

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