terça-feira, 7 de outubro de 2008

21-23 de maio – A angústia de não saber

(Desculpem o post imenso! Tem muita coisa repetida...Mas preciso disso...)
Na manhã do dia 21 de Maio minha mãe fez uma endoscopia, ainda em Cruzeiro. Neste dia eu tive aula de manhã, e na hora do almoço fui para minha casa (em SP), onde meu namorado e minha amiga também estavam. Meu irmão estava indo para Cruzeiro, afinal no dia seguinte seria feriado.
Quando voltei da aula e cheguei em casa estava muito ansiosa. Nunca na vida, até então, eu tinha passado por isso: esperar resultados de exames médicos com tamanha angústia. Eu senti muito medo, porque eu sabia que poderia aparecer qualquer coisa, era medo do total desconhecido. Eu passei horas tentando ter notícias da minha mãe, e fiquei muito nervosa quando percebi que não conseguia falar com ninguém em Cruzeiro. Por que minha mãe ainda não estava em casa? Por que quando falei com minha avó ela parecia estranha? No meio da tarde fiquei sabendo: a endoscopia não mostrou nada de anormal, a não ser uma verruguinha no estômago, mas minha mãe estava tão fraca que o médico a internou e pediu uma tomografia para ver o que estava acontecendo.
Minha tia Sueli a acompanhou nesse dia. Há poucos dias ela me contou que o médico conversou com ela e disse que os sintomas indicavam que poderia haver um tumor na região abdominal, mas que só poderia afirmar alguma coisa depois de ver a tomografia. Naquela tarde meu irmão chegou em Cruzeiro, esperando ansioso passar mais de 10 dias em casa, com meus pais. Seria feriado e na semana seguinte haveria um Congresso na USP, não teríamos aula. Meu irmão chegou em Cruzeiro e foi direto para a Santa Casa para seu espanto, e se deparou com minha mãe extremamente debilitada e fraca, tomando sangue...
Minha mãe sempre foi impressionada com hospital. Embora sempre tenha sido forte, saudável, descobrimos que estar doente e passar por procedimentos médicos, por mais simples que fossem, a deixava bem ansiosa. Tirar sangue já era sacrifício demais! Quando ela começou a tomar sangue, ficou impressionada com aquela situação e implorou que meu irmão não visse aquilo quando chegasse, queria poupá-lo. Não adiantou: ele chegou e viu. Levou um susto!
No final daquela tarde do dia 21 de Maio, ainda em SP, sai de casa, fui para o estágio, e na rua parei em um orelhão para ligar para Cruzeiro. Meu pai e meu irmão estavam já em casa, mas minha mãe não, ficou na Santa Casa. Eles me falaram que ela teria que ficar internada até fazer a tomografia. É horrível ficar longe!!! Imagino como deve ter sido difícil para as pessoas queridas da minha mãe que ficaram em Cruzeiro recebendo noticias pelos 81 dias que ficamos em SP. A angústia de não saber o que está acontecendo, de pensar que podem estar distorcendo as informações para nos poupar, é enlouquecedora. Naquela noite, voltando para casa do estágio, quando eu ainda estava no ônibus, meu irmão me ligou. Disse que minha mãe ligou da Santa Casa dizendo estar bem melhor. Depois de tomar sangue ela se sentiu mais forte. Ela ficou feliz por que achava que seu problema era só a anemia e logo estaria em casa. Ela me conhecia, muito bem. Pediu que meu irmão me ligasse e dissesse que ela estava melhor. Ela com certeza sabia como eu estava nervosa. Recebi essa ligação quando estava dentro do ônibus, 22:00 horas, voltando para casa. Foi a primeira vez que eu chorei dentro do ônibus, ainda muito angustiada.
No dia seguinte eu iria ainda para o estágio antes de voltar para Cruzeiro, mas assim que a Dani, minha chefe, ficou sabendo o que estava acontecendo, me “proibiu” de ir trabalhar. Naquela noite do dia 21 de Maio foi muito difícil dormir. Eu só pensava na minha mãe dormindo na Santa Casa sozinha em Cruzeiro, pensava no que poderia acontecer, no que estava acontecendo e eu não sabia...Na manhã seguinte acordei cedo, e fui para a rodoviária com meu namorado. Só para me deixar mais triste, só conseguimos uma passagem, tive que ir sozinha e deixá-lo ir no próximo ônibus.
Cheguei em Cruzeiro no final da manhã dia 22 de Maio, era feriado. Tudo estava muito estranho. Percebi que minha família tinha se mobilizado muito por tudo que estava acontecendo com minha mãe, e percebi que isso vinha ocorrendo há pelo menos duas semanas, eu não sabia! Surpreendi-me quando ouvi por acaso que ela tomou duas bolsas de sangue. Como assim??? Daí me explicaram que o médico disse que ela vinha perdendo sangue de alguma maneira, por isso a anemia tão profunda...Eu já sabia que não era uma gastrite, não era úlcera, não era nada comum, nada tão simples, mas o que poderia ser?
Naquela tarde fui visitar minha mãe, eu e muitas outras pessoas. Não chorei ao ver ela na cama, embora a cena tenha me impressionado. Ela, com roupa de hospital, rosto pálido, na enfermaria da Santa Casa. Nunca tinha visto minha mãe de cama em casa, quem diria em um hospital! Sempre a vi como uma pessoa muito forte, saudável. Em hospital, ela sempre foi a acompanhante. Assim que ela viu meu avô - seu pai - entrar no quarto, começou a chorar. Disse que estava chorando de alegria, de ver tantas pessoas queridas. Quem tinha a visto antes, percebeu que ela estava melhor, com mais cor. Foi efeito do sangue. Ela estava animada até.
Havia dois horários de visita por dia, e não poderia ter acompanhante para dormir com ela lá. Voltamos no horário da noite. Ela estava muito desanimada, ao contrário da tarde. Disse que não agüentava mais ficar ali, deitada, sem ter o que fazer. Estava também muito ansiosa porque sentia que seu corpo estava diferente. Ela só poderia sair depois de fazer a tomografia. SUS, cidade pequena, feriado, se não ficássemos em cima o exame iria demorar. Tinha que ser rápido, porque queríamos ela conosco em casa e também porque no fundo sabíamos que dependo do que fosse, seria bom descobrirmos logo.
Naquela noite dormimos eu, meu pai e meu irmão sem ela em casa, pela primeira vez os três em casa sem ela... Fiquei muito tempo na Internet procurando tudo possível sobre os sintomas que minha mãe estava tendo, sobre anemia, perder sangue, sobre sentir-se cheia mesmo sem ter comido muito...Aparecia de tudo: infecções, síndromes, tumores...Vi muitas página sobre câncer, muitas muitas...Quando meu namorado via que eu estava em páginas assim, me mandava sair. Fui dormir pensando nisso...
No dia 23, sexta-feira, acordei cedo, e fui com meu pai até a Santa Casa. Queríamos adiantar o quanto antes a tomografia da minha mãe. Conversamos com enfermeiras, com a assistente social...Disseram-nos que já havia começado a preparação para o exame, minha mãe já estava sob a dieta especial necessária. Como estávamos dentro da Santa Casa, sem que ninguém nos notasse, fomos até onde minha mãe estava. Ela se surpreendeu com a gente ali, fora do horário e ficou contente! Disse que estava melhor naquele dia, que sabia que logo sairia dali. Ficamos até que uma enfermeira percebeu nossa presença e nos mandou embora. Quando fomos até o carro, reconhecemos a janela onde minha mãe estava. Não sei se ela nos ouviu (acho difícil, porque ela não ouvia muito bem), não sei se nos viu por acaso, mas de repente ela apareceu na janela, acenou para nós, sorriu. Essa cena ficou muito marcada em mim. Só de escrever aqui consigo ver claramente ela com aquela roupa rosinha da enfermaria feminina. Mesmo da janela eu consegui vê-la sorrir. Meu pai perguntou se ela queria que nós levássemos nossas duas cachorrinhas ali na rua para que ela visse. Ela prontamente respondeu que não...Quase posso imaginar ela dizendo lá da janela: “Tá louco Valdir?"
Quando voltamos para a visita da tarde minha mãe disse que já havia feito a tomografia. Foi mais rápido do que pensei! Ela disse que foi muito ruim fazer, pois tomou contraste e teve que segurar muito tempo a vontade de ir ao banheiro. Ela disse muito ingenuamente que a médica que fez o exame perguntou há quanto tempo ela não fazia mamografia. Como assim??? Que relação tinha a mama com o abdômen? Estranhei, quis perguntar mais, mas achei melhor não deixá-la preocupada.
Voltamos então para a visita do começo da noite. Desde quando esperávamos na recepção para dar a hora de entrarmos, eu estava muito nervosa. Sabia que sairia logo o resultado do exame, eu era só angústia.
Logo que entramos, uma enfermeira disse que a médica responsável queria conversar com meu pai, ele deveria sair da Santa Casa, andar alguns metros até o consultório particular dela. Meu coração disparou! A médica chamou meu pai para conversar? Não tive coragem de ir, pedi que meu namorado fosse junto para que meu pai não fosse sozinho e para que não escondesse nada de nós. Minha mãe ficou sabendo que meu pai foi falar com a médica e ficou muito nervosa também. Falava e já parava de falar de nervoso, só pensava no exame e no que poderia ser. Lembro que havia algumas pessoas da minha família ali, uma vizinha muito querida nossa, e uma moça de nossa igreja. Eu tentei segurar ao máximo, mas não consegui. Sai do quarto, encostei-me no corredor e comecei a chorar muito. Claro que algo ruim tinha aparecido no exame, não tinha como não ser isso. Eu só pensava em câncer, pensava nas situações em que o médico fala que o paciente tem pouco tempo de vida, pensava se minha mãe teria que fazer alguma cirurgia...Hoje posso dizer que eu pensei nessas possibilidades, mas realmente eu não achava possível. Minha mãe não tinha sintomas há poucas semanas!!! Sempre comeu coisas saudáveis, não bebia, não fumava, não era sedentária, não ficava doente fácil. Mesmo pensando em tudo isso, eu não estava pronta para o que viria.
Quando acabou o horário de visita, minha mãe pediu que eu ficasse para levá-la ao banheiro. Ela havia estado com o intestino preso há alguns dias, mas naquele momento ele soltou. Ela disse que estava muito nervosa pelo resultado do exame, pediu que eu não escondesse nada dela. Fui com ela ao banheiro, fiquei segurando o soro. Lembro de ter pensando estar vivendo algo nunca pensando, ajudando minha mãe em um hospital. Foi a primeira vez de muitas que viriam....
Assim que deixei ela na cama, corri para o consultório da tal médica com meu irmão e nossa vizinha.
Quando chegamos lá, a secretária disse que a médica estava conversando com um senhor e um rapaz já fazia um tempo. Pedi para entrar, mas ela disse que não podia interromper. Ainda esperamos uns 10 minutos. Eu estava tremendo, estava rindo, falando muito, estava visivelmente descontrolada. Sentia como se estivesse em uma casa escura, sabendo que havia um perigo ali, e que daqui poucos minutos alguém iria abrir uma porta que poderia mudar tudo. Chegamos a ouvir a voz do meu pai, tentei ver se ele estava chorando, mas não conseguimos.
Quando os dois saíram, logo vi que não estavam chorando, mas seus olhos estavam bem abertos, assustados. Perguntei o que a médica disse, eu nem me levantei, tive medo de levar um susto. Acho que as vezes a gente tem tanto medo de uma notícia que chega a temer mais a reação que vamos ter. Acredito que ninguém sabe a reação que vai ter perante os problemas até que passe por ele, somos imprevisíveis.
Meu pai enrolou um pouco e disse que “apareceu uma coisinha no fígado”. No fígado? Achei que poderíamos excluir qualquer problema hepático por que os exames de sangue de função hepática estavam normais. Perguntei o que apareceu no fígado. Meu pai disse que a médica iria conversar conosco. Insisti e ele repetiu que a médica iria conversar conosco. Meu pai disse ainda que ela iria dar alta para minha mãe para ela passar o final de semana em casa. Saímos do consultório, andei uns 10 passos em direção a Santa Casa de novo, perguntei a meu namorado o que ela tinha dito. Ele só me falou: “Amor, só te falo uma coisa, é muito grave”. Foi essa a hora em que tomei coragem de falar com a médica. Levei um susto com o MUITO GRAVE, voltei os 10 passos correndo, peguei a médica saindo do consultório falando com meu pai. Chegamos eu, meu irmão, nossa vizinha, meu namorado. Meu pai disse a médica que éramos os filhos. A médica disse, com muita calma, e me olhando bem no olho, que havia aparecido um tumor no fígado da minha mãe, que pelas características era um tumor secundário, uma metástase, e que por isso teríamos que descobrir onde estava o primário. Perguntei se isso era uma certeza, se haveria outra possibilidade. Ela disse que nada é 100%, mas que tudo indicava que era isso sim. Até aqui eu ouvi atentamente, prestei muita atenção, quis me mostrar forte, mas quando ela começou a falar que deveríamos levar minha mãe para um hospital melhor, onde ela pudesse passar por um oncologista e que não poderíamos esperar muito tempo, comecei a chorar compulsivamente. Meu namorado me abraçou, vi que meu pai começou a chorar, meu irmão também, minha vizinha também. Entendi a sensação de ter o chão tirado de seus pés...acontece quando você demora a acreditar que realmente está acontecendo aquilo, que é com você e sua família, que é sobre a sua mãe e não a de outra pessoa, sempre é com os outros, sempre...Agora era com a gente.
Depois meu namorado me contou que dentro do consultório, ao ver o Egidio a médica perguntou quem era ele. Ao ouvir que ele era namorado da filha da paciente, ela disse: “Ah que susto, achei que fosse filho”. Nisso meu pai já perdeu a fala. A médica começou perguntando: “Vocês sabem o que é metástase?”. Meu namorado, o Egidio, sabe muito bem o que é isso. Há alguns anos o pai dele vem lutando contra essa doença, contra o câncer...Ele vem sendo vitorioso, Graças a Deus! Sei que o Egidio, por mais acostumado que estivesse com a palavra metástase nunca pensou ouvi-la ali naquele dia, com minha mãe. Meu irmão disse que na hora não entendeu, não sabia o que era metástase. Claro que não! Não fazia parte de nós essa realidade. Eu sabia por acaso: algumas revistas, um livro do Drauzio Varella sobre a morte a partir de relatos de pacientes com câncer...
A médica não disse que era câncer, mas a gente sabia. Metástase? Quem descobre um caroço na mama, faz biópsia, vê que é maligno, faz cirurgia, faz quimioterapia, tudo com o objetivo único de não dar metástase. O câncer dá metástase quando o tumor avança, quando a doença progrediu a ponto de espalhar...e era com a gente...
A médica disse que na tomografia foi possível ver uma densidade diferente na mama esquerda, e que o tumor primário poderia estar ali. Daí a pergunta da médica da tomografia para minha mãe. Acabou que não foi nada disso...(Aliás, a médica não disse, ficamos sabendo depois que na verdade eram metástases, no plural, várias, tomando conta do fígado da minha mãe).
Ainda na rua, indo para a Santa Casa, meu pai chorando me disse: “Como sua mãe vai lidar com isso? Ela sempre odiou hospital” Nós sabíamos que aquilo iria mudar nossa vida para sempre, sabíamos que passaríamos por situações horríveis em hospital. É estranho lembrar de como falamos disso, e pensar em tudo que passamos mesmo. E é duro pensar que tudo foi muito mais rápido do que pensamos...Juro, naquele momento eu não pensei que minha mãe não passaria o Natal com a gente...Eu não pensei que podia ser assim.
Combinamos com a médica que falaríamos para minha mãe que ela estava com uma insuficiência hepática e que teríamos que levá-la para outra cidade para ver o que estava causando aquilo. Queríamos ter um final de semana com ela, sem que ela soubesse, sem que tudo fosse tão duro.
No caminho pelo qual andamos rápido do consultório da médica até a Santa Casa, só choramos, falamos algumas coisas. Demos um tempo antes de entramos no hospital, para dar tempo da médica arrumar a alta e para que não parecesse que havíamos chorado.
Quando paramos de andar, senti uma sensação horrível no corpo todo. Não tinha como ficar calma, me tranqüilizar, senti alguma coisa quente da cabeça aos pés, senti que se era para passar por aquilo passaríamos com força, iríamos lutar, eu nao podia perder minha mãe, não, e não consegui parar de andar e lembrei de ligar para minha tia. Minha tia Valéria também mora em SP, e ela e meu tio com certeza ajudariam a gente a arrumar vaga para ela em algum hospital. A médica disse que a assistente social da Santa Casa poderia conseguir uma vaga em Guaratinguetá ou Taubaté. Mas logo dissemos que não. Eu sabia que se existe algo a ser feito, seria em SP.
Eu tremia muito com o celular na mão. Minha tia estava em Ubatuba, com sua família, minha avó, meu avô, meu primo Rafael e sua namorada Amanda. Demorou até que eu conseguisse falar com minha tia. Ela estranhou minha ligação. Logo que atendeu perguntou se estava tudo bem. Lembro de ter falado, com a voz trêmula, pausando a cada letra. Falei: “Tia, minha mãe tem que estar segunda-feira em SP. A médica disse que apareceu uma metástase no fígado dela”. Minha tia ainda pediu que eu repetisse. Ela ouviu, mas acho que era uma coisa tão absurda que ela preferiu não entender. Minha tia também sabia bem o que era aquilo...Sei que aquilo acabou com o passeio deles. Sei que aqueles que estavam em Ubatuba não acreditaram ao ouvir a explicação da minha tia sobre o que tinha dado o exame da minha mãe. Sei que depois disso meu tio pegou no telefone e não sossegou até conseguir falar com alguém que pudesse ajudar. Foi o começo de uma grande ajuda que recebemos deles nesses 81 dias...
Quando nos recuperamos subimos até a enfermaria. Todos com aquela cara de coragem. Vagamente lembro que ficamos nos encorajando, falando que para tudo tinha jeito hoje em dia, que a medicina estava avançada...
Ao entrarmos no quarto, foi difícil olhar para minha mãe...Ela parecia muito frágil, e muito mais doente. Ela arregalou os olhos, perguntando do exame, pedindo que não escondêssemos nada dela. Falamos que tinha dado uma insuficiência hepática, e que talvez teríamos que ir para outra cidade para investigar melhor o que seria. Ela percebeu que alguma coisa estava errada. Perguntou "o que era uma insuficência hepática". Descobri desde esse dia que perto dela eu não conseguia chorar, que perto dela eu ficava muito forte, perto dela eu não pensava em perdê-la, eu só pensava que estávamos ali, juntos!
A médica veio até nós, explicou a minha mãe a história da insuficiência hepática. Não foi uma mentira. Era mais ou menos isso. Mais que ela nós só sabíamos que havia o tal tumor...ainda precisaríamos investigar algumas coisas. Fiquei com ela no quarto e a ajudei a trocar de roupa. Descemos todos nós com ela as escadas da Santa Casa, fomos até o carro. Contentes por fora por levá-la para casa e querendo mostrar tranqüilidade; por dentro cada um vivia momentos de solidão e silêncio, algumas palavras estavam pulsando, gritando, desconexas ainda – METÁSTASE, TUMOR, CÂNCER - havia dúvidas, medos – COMO SERIA BOM SE FOSSE OUTRA COISA. Era tudo novo, era tudo tão impossível, mas era real... Meu Deus, não com minha mãe...
(cont.)

3 comentários:

  1. Lindinha, lembro exatamente desse dia, pq te liguei mais à noite para saber o que tinha dado e, quando vc me falou, meio chorando, lembro que eu não quis tbm acreditar na hora...Disse que devia ter sido erro no exame, que, com certeza, era outra coisa, que o meu pai tinha um cisto no fígado e que era normal. Lembro que ficamos pensando em várias possibilidades...Eu tbm não queria acreditar que era com a sua mãe...por pouco que eu a conhecia, que, para mim, parece que a conhecia tanto, achava mesmo que ela era muito forte, que nunca teria nada disso.

    Também vou contar o que aconteceu depois que desligamos o telefone...Eu não queria acreditar...desci correndo na escada, sentei e vi meus pais vendo TV...eu comecei a chorar desesperadamente falando que tinha dado metátase no exame e perguntando sem parar: "O que vai acontecer agora? Eu não quero isso pra eles! O que a Lindinha vai fazer?" Meus pais tbm ficaram desesperados...Meu pai ligou pro meu tio, falando o que tinha acontecido...mas meu tio não sabia em que ajudar, só disse que ela não podia ficar em Cruzeiro, que tinha que vir para São Paulo!

    Lindinha...nem sei se eu deveria te contar essas coisas, mas contei! Eu amo tanto vc e sua família, vcs são tão importantes na minha vida e sei que na das meninas tbm...sofremos juntas...estamos juntas!

    Eu te admiro mto, Lindinha! Td o que vc fez pela sua mãe é incrível! Ela não poderia ter uma família melhor, que a apoiasse mais do que vcs apoiaram! E...ela era um exemplo de ser-humano, um anjo aqui na Terra!

    ResponderExcluir
  2. Lu...gostei de vc ter dado sua versão dos fatos. Eu gosto de saber dessas coisas, gosto de saber o que as pessoas pensaram ou sentiram diante das coisas que aconteceram....
    beijos!!!!!!!!!!!!!!!!

    ResponderExcluir
  3. Lindinha,

    Me desculpe ter demorado tanto para me manifestar. Queria te dizer que sinto muito a sua perda e que espero que vc consiga superar o que aconteceu da forma mais serena possível.

    Tenha fé! Fé de que as coisas acontecem por um motivo bom (embora mtas vezes não pareça) e de que NUNCA vamos nos separar daqueles que amamos.

    Logo vcs estarão reunidas novamente. Fique tranqüila.

    Um grande abraço,

    Isa (irmã da Lu)

    ResponderExcluir

Obrigada por seu comentário! Ele será logo publicado.