sábado, 9 de agosto de 2008

Esperança sempre? sim....sempre!

Na quarta-feira minha mãe foi internada. Estava bem fraquinha, não comia direito há 5 dias, no dia anterior apresentou uma pequena hemorragia no local do tumor no intestino, e os exames de sangue mostraram que as funções hepáticas e renais estavam alteradas. Na quarta ela faria quimioterapia, mas por esse quadro não foi possível. A médica que a atendeu ficou preocupada, e me chamou para conversar (só eu, sem meu pai nem meu irmâo). Ela disse que talvez não desse mais para fazer quimioterapia, pois minha mãe vinha apresentando uma piora no quadro geral nos últimos dias. Tudo desabou! Vi minha esperança caindo até quase acabar. Fui falar com meu pai e meu irmão, e não consegui. Comecei a chorar tanto, que tive que sentar no chão de um banheiro, minhas mãos começaram a formigar e quase perdi o ar...Não conseguia falar. Eu só pensava em como minha vida seria horrível sem minha mãe, em como eu acreditava que ainda poderia tê-la por um tempo e agora tudo tinha se apressado...Meu pai, meu irmão e uma senhora que me seguiram até o banheiro ficaram desesperados, pq não sabiam o motivo daquilo. Quando falei senti que eles não acreditaram, não se desesperaram. Talvez eles tivessem mais fé, ou talvez negassem mais que eu....
Ontem, sexta-feira, uma nova médica viu minha mãe. E novamente me chamou para conversar (novamente somente eu). Ela quis me avisar do que poderia acontecer logo, pelos exames da minha mãe. Não tenho coragem de escrever tudo que ela me falou, mas são coisas que eu nunca falaria para uma filha que há apenas 3 meses tinha uma mãe muito saudável e que não via possibilidade alguma de uma doença dessa aparecer de repente....Mas resumindo e "filtrando" ela me falou sobre os cuidados paliativos serem mais importantes agora que a quimioterapia, falou sobre a agressividade da doença da minha mãe e da rapidez com que evolui............
Mais uma vez fiquei largada no corredor chorando, até que uma voluntária veio conversar comigo, depois uma enfemeira, e depois uma psicóloga. Depois chamei meu pai e meu irmão, e junto com a psicóloga conversei com eles.
Confesso: ontem eu perdi a esperança. Ontem eu achei que a batalha estava perdida, pensei em como fazer dos próximos dias os mais intensos e alegres possíveis...
Mas hoje falamos com outro médico. Os exames mais recentes mostraram uma ligeira melhora em tudo (nessa altura, só de não piorar, já está ótimo). Ele disse que minha mãe chegou muito desidratada, e agora está se alimentando melhor e tomando muito liquido. Hoje a esperança voltou, e consegui ficar melhor.

Na recepção do hospital eu li hoje uma matéria sobre Psicooncologia. Falava sobre como o profissional pode ajudar a familia a superar noticias horríveis e como as pessoas aprendem a lidar com a morte. Comentei com meu pai: já li sobre isso, em textos para a faculdade, em livros. Mas hoje li com outros olhos...Na quarta e na sexta senti uma dor, um desespero, que me fez ter vontade de gritar muito. Depois minha cabeça ficou quente, pensando em mil coisas ruins, e me revoltei em pensar que não merecíamos que uma coisa dessas acontecesse, muito menos minha mãe.

Vou dormir agora, porque no começo da madrugada volto pro hospital para ficar com minha mãe. Quero ficar muito ao lado dela.

sexta-feira, 8 de agosto de 2008

Difícil de escrever

Os três últimos dias não estão fáceis, e cada vez que converso com um médico fico com mais medo, eles são muito realistas, querem nos avisar e tudo desaba.

Quero muito um milagre, não quero perder a esperança...

E quero que minha mãe tenha ótimos dias! Quero conversar mt com ela!

Vou passar a noite no hospital hoje, não vou escrever mt aqui. Mas estou precisando desabafar, outro dia escrevo.

quarta-feira, 6 de agosto de 2008

Foto de cima...

Ultimamente adotei a seguinte estratégia: PENSAR POUCO NA VIDA. Daí não estou conseguindo escrever nada por aqui...
Só para quebrar um pouco a quantidade de "letras" desse blog, vou postar uma foto. Tirei em uma das (muitas!) idas ao Instituto do Câncer. Gosto de lá! Tudo é novinho, as pessoas são educadas, as janelas são enormes (o que permite uma boa visão da cidade, ainda mais para quem gosta de prédios..rsrs), eles cuidam da minha mamãe e me dão esperança!


terça-feira, 22 de julho de 2008

"...com resposta ao tratamento"

Hoje tivemos uma consulta com o oncologista, com resultados novos de exame de sangue e de um ultrasom do abdômen. Tudo do sangue que não estava mt bom melhorou! Funções hepáticas, infecção, etc etc etc...O CEA, que é um marcador tumoral, que é usado para acompanhar o efeito da quimio, abaixou bastante! Percebi que até o médico se aurpreendeu, afinal minha mãe fez apenas 1 ciclo de quimio! No ultrassom, tudo dentro do esperado!
Hoje to cansada, amanhã falo mais detalhes sobre isso!!!
É que não posso perder a chance de postar logo boas noticias!!!

(ahhh o titulo desse post foi escrito pelo médico em um resuminho feito para a nutricionista, sobre minha mãe. Resposta ao tratamento é tudo que venho pedindo a Deus nos últimos dois meses!!)

abraços a todos!!!!!!!!!!!

segunda-feira, 14 de julho de 2008

"...construir todas as suas estradas no hoje"

É estranho como que com o tempo a gente começa a chorar menos, a gente começa a botar as coisas para frente, a gente começa a incorporar a doença ao cotidiano...Isso tem muito de conformismo, eu sei. Mas chega uma hora que a gente pensa: "A vida tem coisas ruins. Uma das coisas ruins da vida está ai na nossa cara. O que fazer? Ou lutamos ou nos entregamos". E fico feliz em ver que mesmo com toda essa loucura, nós estamos conseguindo rir.

Nas duas últimas semanas consegui estudar um pouco, consegui cumprir obrigações. Isso é bom! Minha mãe andou bem pra baixo, chorando muito, mas Graças a Deus há 2 dias ela está mais animada: comenta sobre outros assuntos, assiste TV, lê revistas. E como deve ser dificil para ela lutar!!! De repente saiu de Cruzeiro, da casa dela, largou tudo que faz há anos. Está há exatos 49 dias longe de lá!!! É muito!!! Isso nunca aconteceu. E além disso, ainda tem que conviver com dores físicas, incertezas, milhares de agulhas (o braço dela, que já estava fino, agora está roxo!)...

Nossa!!! Como a vida prega peças mesmo!!!
Sempre tive muita consciência de como minha família era feliz, de como tive sorte em ter os pais que tenho! E sempre tive medo de perder isso. Claro que a gente nunca acha mesmo que vai acontecer com a gente, mas meu lado neurótico e preocupado demais me fazia sentir uma "tragédia" a qualquer momento. Por isso sempre valorizei eles demais!!! Meus programas sempre foram "programas-família", e por ai vai...

Todos sabemos que coisas ruins acontecem, e ninguém está livre. Mas não esperamos MESMO que seja com a gente. E essa é a parte mais dificil disso tudo. Há três meses tudo estava perfeito, pelo menos na minha concepção!!! E Perfeito não é exagero!
Meu irmão passou esse ano no vestibular, e está gostando do curso. Meus pais, embora com saudades do meu irmão, estavam se virando em Cruzeiro sem ele. Meu pai estava às vésperas de se aposentar. Falo de mim: eu estava muito animada com a vida! Esse ano comecei a gostar muito mais da faculdade e de São Paulo! Estava com planos gigantes de futuro...Contei isso para pouquíssimas pessoas (acho que nem deu tempo de contar, mas no fundo achei melhor esperar para ver se ia rolar mesmo), mas tinha fechado um programa de intercâmbio para as férias de final de ano. Íamos uma amiga da faculdade (a Isa, que agora vai sozinha) e eu. Até me lembro de ler no contrato algumas razões de desistência...Tinha alguma coisa ligada a doença grave na família....Quem diria!

De repente tudo se desmoronou. Como uma boa conformista, os planos se espatifarem no chão não é o pior (tenho muito tempo para viver!). E acredito de verdade que as coisas têm um propósito....É engraçado pensar que nesse ano eu estava criando asas, dai alguma coisa me puxou de novo para o ninho...

As prioridades mudaram. Toda euforia que eu estava sentindo passou. Agora nem tem muito sentido pensar nas coisas que eu pensava...Para que passar 3 meses longe de casa, num país diferente? Para que correr de um lado para outro nessa cidade louca?

Agora poucas coisas realmente estão importando. Eu posso desistir de tudo, deixar tudo de lado! Mas quero minha mãe no Natal, na minha formatura, no meu casamento, me ajudando a dar banho no meu filho.

E EU ACREDITO QUE ISSO É POSSÍVEL!

sábado, 5 de julho de 2008

Primeira quimioterapia! Ótimos dias!

Estou atrasada para contar como foi a primeira sessão de quimioterapia da minha mãe.
Posso falar sem sombra de dúvidas que dia 02/07, a ultima quarta-feira (o dia da quimio), foi o melhor dia pelo qual passamos, desde 23/05. Além de acabar aquela ansiedade de "chega de exames, venha logo o tratamento", caiu por terra aquele fantasma que paira sobre A QUIMIOTERAPIA.

Minha mãe estava muito ansiosa, muito muito muito! Estava com medo de passar mal e não fazerem o procedimento. E passar mal não seria dificil. Na consulta com o oncologista, ele tinha dito que tínhamos duas opções: Fazer uma quimioterapia mais fraca, já que minha mãe estava muito debilitada (anêmica, sem comer, sem andar direito, sentindo mal-estar e dor abdominal); ou uma mais forte, que embora aumentasse a probabilidade de reações desagradáveis, daria mais chances a ela. O médico optou pela segunda. Disse que embora ela estivesse fraquinha, era jovem, sem problemas de saúde anteriores, e aumentar chances é tudo que a gente precisa!!!
Então o medo dela tinha lá seu fundamento. Ao entrar no Hospital, na quarta, não tinha funcionário no nosso caminho que não tivesse falado com minha mãe. Ela falava com todo mundo! Queria saber as mais diferentes opiniões sobre os temidos efeitos colaterais, mesmo que na segunda-feira tivéssemos tido uma longa explicação, tanto do médico quanto das enfermeiras, sobre os cuidados e os possíveis efeitos da quimioterapia.

Ao chegarmos na sala de quimio minha mãe se sentou numa cadeira confortável, que logo foi reclinada a seu pedido. Havia mais pessoas na sala "recebendo seus medicamentos". E todos estavam muito tranquilos. Vi uma rapaz ouvindo música e lendo um livro. Uma jovem lia revistas de fofoca. Um senhor dormia calmamente. Minha mãe não parava quieta! Mas estávamos com sorte: os enfermeiros que ficaram com ela ali, durante as 4 horas seguintes, foram muito pacientes, simpáticos, profissionais! Esse Hospital, o Instituto do Câncer de São Paulo, foi inaugurado no inicio de maio, e aos poucos todo o setor de oncologia do Hospital das Clinicas está sendo transferido para lá. Então tudo é novo fisicamente, mas os funcionários são experientes. Depois de passar dias no Hospital das Clinicas, enfrentando fila para tudo, tendo que agradar as enfermeiras para que minha mãe fosse bem atendida (Não é culpa delas. São muitos pacientes e poucos funcionários! Impossivel não se estressar!), entrar num hospital espaçoso, com pouquissimos pacientes, com funcionários educadíssimos, era um paraíso!!! E os enfermeiros em questão me deixaram maravilhada! Que pessoas gentis! E olha que não deve ser fácil! Minha mãe fez mil perguntas a eles, pedia toda hora que mudassem ela de posição. E eles faziam, muito dispostos. Tudo que fossem fazer, desde cobrir o braço da minha mãe, até colocar um novo medicamento, explicavam o que era e a razão daquilo. Assim minha mãe foi se acalmando, foi vendo que aquilo não era nada de outro mundo. Parecia que ela estava tomando soro, e só!

Chamaram um psicólogo para conversar com ela, durante a aplicação. Ela gostou! Comentando comigo depois, ela disse que ele falou para ela não ter medo de mostrar medo ou tristeza, de chorar. E ele comentou que percebeu que uma coisa muito importante ela já tinha: uma família unida. Também, a todo momento, eu, meu pai e meu irmão entrávamos na sala, para ver como ela estava. Uma hora até paramos um pouco para que o psicólogo falasse sozinho com ela.

Cada vez que eu entrava, via a expressão do rosto dela melhorar. Ao terminar todos os remédios, o enfermeiro tirou o "acesso" do braço dela, e fomos embora. Ela estava tranquila! Tinha dado o primeiro passo, e viu que foi muito mais fácil do que esperava. A única coisa que ela sentiu foi o braço amortecido, meio formigando, uma sensação até mesmo "engraçadinha" rsrsrs.

Ao entrarmos no carro, meu irmão foi comer o lanche que tinham dado a ela, e ela tinha recusado. Era um lanche natural, com um suco. E qual não foi nossa surpresa quando minha mãe pediu para comer o lanche!!! Há um mês ela estava chorando ao ver comida, comia três colheres de sopa e já não aguentava colocar nada na boca. Ela comeu um bom pedaço do lanche. Meus olhos se encheram de lágrimas! Lágrimas que dessa vez eram de alegria! Não sei o que aconteceu. Não sei se foi "psicológico", não sei se foi reação dos medicamentos: ela estava com fome, e estava mais disposta. Nesse dia, ao chegarmos na casa da minha tia (onde estamos hospedados há um bom tempo), não tivemos que parar o carro em frente ao prédio, para que ela descesse. Ela andou bem, de onde paramos o carro até o prédio.

Hoje, 3 dias depois da quimio, ela ainda não teve enjoo, nem diarréia. Sua boca está mais sensível, mas isso foi nos explicado. Desde quarta ela está usando bicarbonato para diminuir esse efeito. Ela sentiu também um pouco de dor nas costas, na região dos rins. Isso também nos foi falado, ela tem que tomar 12 copos de água por dia! O efeito colateral mais surpreendente que ela está sentindo é FOME!!! Ou seja, as reações estão a nosso favor!

Ontem, sexta-feira, ao chegar em casa depois de mais uma consulta, ela comeu macarrão! Comida "normal", sem ser batida no liquidificador, com o mesmo tempero que todo mundo da casa. Isso não aconteceu durante o mês de junho inteiro! E meu pai me disse que depois de comer, ele a surpreendeu indo até a cozinha pegar um pouco mais!

Ela estava muito fraca (ainda está!), o médico teve medo de ela se debilitar mais ainda com a quimio, mas arriscou. Tínhamos uma possibilidade infinita de reações possíveis. A boca e os rins estão sendo cuidados, pelo bicarbonoto e pela água. Mas sentir fome foi demais!!! Acredito muito que isso foi um milagre, uma providência divina mesmo! E com toda essa doença, esse tumulto que está sob minha familia, depois de ouvir muitas histórias nesses dias de idas contínuas ao hospital e contato com muitos pacientes, estou aprendendo a perceber que temos que valorizar as pequenas coisas, as pequenas boas notícias. O futuro distante não é o foco. Temos que olhar para o hoje, para o dia de hoje em que está dando tudo certo! Essa semana está terminando muito bem, porque além de comer, minha mãe está conseguindo pensar em outras coisas, falar de outros assuntos. Ontem assistiu TV, leu revistas. Parece pouco, mas não é. É um progresso, e dos grandes.

Ahhhhh e esqueci de comentar. O cabelo dela não vai cair. Ela já tinha até acostumado com a idéia, e quando o médico disse que essa quimio não fazia cair o cabelo, ela até estranhou. Sei que o cabelo é o de menos, mas a essa altura isso vai ser importante. Pelo menos menos a doença não vai estar "na cara".

terça-feira, 24 de junho de 2008

Bom quando não havia razões para temer...

O medo que sinto é antigo. É o mesmo que sentimos, quando criança, de que ela saia e não volte mais. Eram medos intensos! Mas eram baseados em fantasias. Medos infantis.

De repente esse medo começou a me atormentar de maneira muito forte. E é baseado em realidade, aquela bem concreta, bem fria...De repente eu tinha mil planos, e sonhava muito. Mas agora não penso em mais nada, pensar num futuro muito longe daqui me deixa desesperada.
Quando eu estou com ela me sinto bem, sei que estamos vivendo, rindo, conversando, até esqueço tudo isso. Não sinto nem um pingo de vontade de chorar perto dela. Mas quando estou longe, quanto tento fazer o que eu fazia há 1 mês, e não consigo, percebo que o mundo mudou. Quando estou sozinha e sou obrigada a pensar em alguma coisa, esse medo imenso e real vem. Então não escapo de pensar no futuro, penso nos meus planos e sei que se for sem ela não tem graça. Porque tudo que até aqui eu consegui, tem muito dela. Meus sonhos sempre foram os sonhos dela. Sempre ligo para ela, quando alguma coisa boa acontece.
Sei que ainda estou na fase do susto. Sei que daqui a pouco tudo isso vai ser inserido no cotidiano da família, e por mais que seja uma doença forte, que exige um tratamento severo, não temos outra escolha a não ser lutar.

Falei do medo. Ele existe, e é normal senti-lo. Mas a esperança está vencendo! Viver um dia de cada vez, e nunca desanimar!

Obrigada a todos que estão nos ajudando de alguma forma, e obrigada pelas orações!!!

sábado, 14 de junho de 2008

É CÂNCER.

Dia 12/06/08, uma tarde de quinta-feira.
Chegaram três médicos, jovens, residentes possivelmente.
- Dona Maria, você prefere que eu converse com eles perto de você ou longe? Nos dá permissão?
Claro que ela falou que preferia que fosse longe. Mesmo que ela já soubesse de tudo (e nós também) aquele clima sugeria que tinha alguma coisa ainda pior.
Fomos então eu, meu pai e meu irmão para uma sacada, que dava vista para uma parte do Instituto Central do Hospital das Clínicas, conversar com os três.
-O que vocês sabem?
Eu não gosto de me passar por ingênua, e logo comecei a falar:
-A gente sabe que ela tem metástases no fígado, que vieram de um tumor no intestino.
-Mas vocês sabem o que é isso? Vocês entendem a palavra METÁSTASE?
-Isso quer dizer que não está no estágio inicial.(Claro que a gente sabe que é grave, a gente só tenta acreditar que não é tão grave)
Ele concordou. Ainda completou para dar mais realidade àquilo tudo:
-É isso mesmo. Ela está com cêncer de cólon, com metástases hepáticas. E está avançado.

Acho que os três se preparam para dar uma notícia horrível para pessoas que não sabiam de nada. Na verdade já sabíamos daquilo há 3 semanas. Metástases, ainda mais no plural, só podem indicar a presença de um tumor maligno em outro lugar. Mas foi a primeira vez que um médico usou a palavra CÂNCER.

No dia 23/05/08 minha mãe estava internada, ainda no interior. Ela estava anêmica há mais de um mês, e vinha perdendo peso. Comia pouco, pois sempre sentia um desconforto após as refeições. Ela tinha feito uma tomografia do abdômen e a médica resposável chamou meu pai para conversar. Eu sentia que alguma coisa tinha dado errado. Claro que tinha! Talvez esse tenha sido o pior dia da minha vida até agora. Senti uma sensação horrivel no estômago, uma ansiedade maior que todas as outras.
Meu pai e meu namorado foram falar com a médica. Nâo tive coragem.
Assim que sairam, meu pai me falou que tinha aparecido umas "coisinhas" no figado. Falei com a médica na calçada da rua.
Ela falou sobre as metástases e sobre a necessidade de levarmos ela para um hospital melhor, onde ela pudesse passar por um oncologista. Por 2 minutos eu a ouvi atentamente, tentando esclarecer algumas dúvidas. Mas não aguentei até o fim da conversa. Comecei a chorar desesperadamente, o chão realmente saiu de baixo de mim. Eu senti que uma batalha muito dificil começava ali, e que estava em jogo a pessoa que eu mais preciso na vida, em quem eu sempre me apoiei. Pensei em muitas coisas, que nem sei organizar aqui...
Mas o choro passou rápido. Senti uma sensação estranha tomando conta de mim, senti meu sangue quente, comecei a andar de um lado para o outro, não conseguia parar. Uma força muito forte me invadiu. Eu sabia que a gente tinha que lutar contra aquilo. Lembro de meu pai pedir que eu parasse de andar, se não eu ia cair, mas eu não conseguia. Liguei para minha tia, pedi que ela me ajudasse a arrumar uma vaga pra ela em um hospital em São Paulo.
Minha mãe foi embora para casa naquele dia 23/05. Ninguém em casa dormiu naquela noite. Eu acordava toda hora, com o coração e a respiração muito forte, sentindo meu estômago estranho.
Não contamos a verdade para ela naquele dia, mas ela sentiu. Começamos a falar muito indiretamente sobre tumor, sobre quimioterapia, para tornar o assunto comum e natural. Hoje ela sabe de tudo.

E hoje estamos esperando o oncologista nos mostrar o caminho do tratamento. O câncer e o tratamento têm características muito peculiares para cada caso. Não sei se será feita uma cirurgia ou se a primeira coisa será a quimioterpia. Possivelmente essa semana já começa.

Eu sei que é grave! Sei que pelos médicos as chances de dar 100% certo não são animadoras. Mas acredito muito que cada caso é um caso. Minha mãe está com muita força de vontade e muita fé em Deus! Sei que isso é essencial para o tratamento. Claro que em alguns momentos a gente fica mais fraco e só pensa em coisas ruins, mas passa logo. Não pensei seriamente na possibilidade de não dar certo, porque acredito realmente que vai dar certo!!! Não estamos revoltados ou desesperados, e isso já é ótimo!

E estou feliz em saber que muitas pessoas estão orando por ela! O poder disso faz com que nada seja impossível.

Estou fazendo esse blog porque muitas coisas estão passando na minha cabeça e preciso escrever. Sei que é um pouco de exposição, mas não me importo.
Esse blog é para ser lido, então nâo se importem em comentar!

E peço muita oração, sempre!!!