terça-feira, 10 de janeiro de 2017

Quantas vidas se vive numa vida

Quando a gente olha pro passado, e é do tipo que sofre de esquecimento de detalhes, é bem como se lêssemos um livro ou assistíssemos um filme. E acontece uma experiência quase extra corporal, esquizofrênica, existencial, birutinha. A gente se vê, como se vê o outro, que tem um pouco da gente, que carregamos um pouco na gente, mas que não é bem 100% a gente. Uma coisa bem louca mesmo.

E a gente fica vermelho de ver as cenas mais estranhas da adolescência, e a vergonha quase explode quando o personagem varia entre um personagem e você mesmo. E acontece isso também com as cenas mais tristes: dá aquela vontade de chorar, e de repente o choro vira um rio porque não é só uma cena triste, CARAMBA, era você ali chorando no chão banheiro do hospital, e o mundo acabando. Sobrevivi isso ai mesmo?

Eu sonho muito, toda noite, e meus sonhos são tipo série: vem em temporadas. Cada temporada tem um tema, coisa de inconsciente falante pra compensar a quietude da pessoa aqui. Eu tenho uns sonhos em que estou na escola do ensino médio, e mistura as pessoas de lá, com as da faculdade, com gente dos EUA. Uma bagunça e mistureba que o sonho faz que eu não consigo fazer em pensamento porque eu ando achando que em cada lugar/década era uma Aline. E até pouco tempo atras eu achava que a faculdade tinha sido ontem, e o ensino médio tinha sido na vida passada. Que nada...

Achei umas fotos "antigas", la da metade dos anos 2000s. Me assustei com quem eu nem sabia que era: alegre, morena, loira, magra. Tímida, insegura. Me deu inveja daquela menina que quase não falava com estranhos, que não levantava a mão na faculdade, mas que tinha comidinha da mãe, riso do pai. Vi a Pitty, que hoje tem 9 anos e tem a carinha branca, cheia de pelinhos pretinhos. Quanta juventude! Queria falar pra aquela menina: eu sei que voce sabe do privilégio que tem. Muito bem! Mas curte mesmo! Abrace sua mãe, fale com seu pai, faça aquela pergunta na aula, converse com os professores. Tome vergonha na cara, e deixe pra trás o que não compensa. Aprenda a cozinhar. Tire mais fotos com sua mãe. E guarde melhor na memória os momentos "comuns". Ficar na internet é legal, e ficar sozinha te faz bem. Mas tem coisa que a gente lembra anos depois, que quase sempre não são aqueles pensamentos seus com você mesma.

Menina, dizem que a gente só tem uma vida. É mentira! A sua está quase acabando, e logo começa a minha. Vou prestar mais atenção aqui também, porque quando a minha acabar, quero passar o bastão pra Aline do futuro ser feliz.

Há apenas 12 anos...

2 comentários:

  1. Um feliz 2017! Paz, amor, saúde e suce$$o!! Desejo vida longa à "Aline do futuro feliz"!!!
    Abçs!
    Mara

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