(Ou feliz 2023!)
Em 2022 eu entrei numa paranóia louca de correr e correr, o mais rápido possível. Dar conta, resolver, mostrar serviço. E soei muitos alarmes de perigo para o meu corpo, que entrou em alerta.
Corri e corri na trilha, rápido, subindo a montanha, como se um perigo invisivel estivesse correndo atras de mim. Então parei. Não escutei nada, respirei. Olhei para os lados, e me vi perdida. Que árvore são essas? Cadê a trilha? Perdi o caminho. Será?
Minha alma pede todos os dias que eu faça uma coisa de cada vez, que eu pare e preste atenção, pare de clicar tao rapido, pare de correr olhando pro chão. Pare, respire, olhe as estrelas. Exige profundidade. Também pede que eu não me prenda tanto a pensamentos sem sentido, ou exigências de quem não vale, ou expectativas sem troca. Pede leveza.
Meu corpo pede que eu me mova mais. Alongar, curvar, correr, usar músculos. Respirar. Que eu tome conta dele, que o proteja, porque daqui um tempo tudo isso vai ser ainda mais importante. Que eu cubra distâncias maiores. Que ande em terras novas. Que veja novos céus. Que respire.
Minha mente pede coragem para cometer erros, para ser julgada, para ser apontada na rua, para ser ridícula, para ser chata. Ser eu, minha autenticidade, nao querendo ser outros ou o que o outro quer. Viver de acordo com minhas medidas. Mais coragem, menos busca por perfeição. Aceitar fazer qualquer coisa mais ou menos, e descansar. Respirar.
Respirar.
Parei, respirei. Não, eu não estava perdida. Quando não há um caminho traçado, não tem como se perder. Você não segue uma rota traçada, sempre esteve em sua própria trilha. Você faz o caminho. Pode voltar, retraçar a rota, recomeçar a qualquer momento. Siga, mais vá mais devagar, vire quando quiser, pare para olhar o céu quando quiser. Admire o caminho. É só ele mesmo que existe.
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