E depois da morte? Há um tempo eu não sei
exatamente em que acredito. Minha única certeza é que eu não quero que exista um fim. Depois de ver, de perto, o fim
da vida de alguém tão próximo, é dificil colocar dentro da cabeça que não
existe nada depois daquele último suspiro. É inconcebível acreditar que a vida,
esse jogo de ar, pulsos, sorrisos, pulos, ansiedades, lágrimas, sonhos, planos,
acabe quando o coração para. É confuso entender que toda a vida vai embora. É difícil pensar que o amor de mãe vá pra lugar
nenhum.
Há quase duas semanas vivi uma situação um
tanto quanto impressionante. Foi a segunda vez que tive uma clara percepção de
que talvez existe mesmo algo pra lá, não sei onde, não sei como. Era uma
segunda-feira. Na parte da manhã passei algum tempo no celular, facebook,
notícias, sites variados. Esbarrei num site (http://thenicestplaceontheinter.net/) que tem um video que se propõe ser abraços
virtuais. Com 10 segundos de video, parei de assistir, sem prestar atenção
nenhuma na música de fundo. Depois disso fiz muitas outras coisas no meu
celular.
No meio da tarde tomei banho, me arrumei, e ao
olhar pro espelho, comecei a pensar no sonho que meu irmão tinha tido naquela
noite. Ele sonhou que conversou claramente com nossa mãe, e ela contava como
tinha sido ruim a experiência de morrer, e sobre como não lembrava de seus últimos
dias. Comecei a pensar nela, e me deu uma tristeza. Aquele sentimento de como
tudo seria mais fácil com ela aqui, como ela era um apoio em nossas vidas. E
neste momento meu celular, que estava num criado-mudo começou a tocar uma
música. Levei um susto! A primeira palavra que eu entendi foi graveyard, que
quer dizer “cemitério”. Susto! O celular só tocou, não acendeu a tela. Prestei
atenção na letra, e percebi então que meu celular estava “tocando” novamente o
video que eu tinha assistido naquela manhã, mas sem mostrar o video, e sem qualquer
intervenção minha. Prestei atenção na letra e comecei a chorar muito, de
soluçar.
A parte que tocou diz assim:
“And
when I grow to be a poppy in the graveyard
I will send you all my love upon the breeze
And if the breeze won’t blow your way, I will be the sun
I will send you all my love upon the breeze
And if the breeze won’t blow your way, I will be the sun
And
If the sun won’t shine your way, I will be the rain
And if the rain won’t wash away all your aches and
pains
I will find some other way to tell you you’re okay.”
Tradução bem livre:
E quando eu virar uma flor no cemitério
Eu vou te mandar todo meu amor por meio da brisa
E se a brisa não abrir seu caminho, eu serei o solE se o sol não iluminar seu caminho, eu serei a chuva
E se a chuva não lavar todas as suas dores
Vou encontrar algum outra maneira de te dizer que você está ok.
Depois descobri que a música foi realmente escrita por uma mãe, e a primeira parte é sobre como ela vê seu filho e descobre que na verdade nunca tinha amado alguém como ama aquela nova pessoa que veio de dentro dela. “I have never loved someone”, da banda My Brightest Diamond.
Linda, linda! Assim como minha mãe, que tinha o maior amor do mundo, tão forte que ainda chega até mim.