sexta-feira, 10 de maio de 2013

E ela arrumou algum jeito de me dizer que eu estou bem...


E depois da morte? Há um tempo eu não sei exatamente em que acredito. Minha única certeza é que eu não quero que exista  um fim. Depois de ver, de perto, o fim da vida de alguém tão próximo, é dificil colocar dentro da cabeça que não existe nada depois daquele último suspiro. É inconcebível acreditar que a vida, esse jogo de ar, pulsos, sorrisos, pulos, ansiedades, lágrimas, sonhos, planos, acabe quando o coração para. É confuso entender que toda a vida vai embora. É difícil pensar que o amor de mãe vá pra lugar nenhum.

Há quase duas semanas vivi uma situação um tanto quanto impressionante. Foi a segunda vez que tive uma clara percepção de que talvez existe mesmo algo pra lá, não sei onde, não sei como. Era uma segunda-feira. Na parte da manhã passei algum tempo no celular, facebook, notícias, sites variados. Esbarrei num site (http://thenicestplaceontheinter.net/) que tem um video que se propõe ser abraços virtuais. Com 10 segundos de video, parei de assistir, sem prestar atenção nenhuma na música de fundo. Depois disso fiz muitas outras coisas no meu celular.

No meio da tarde tomei banho, me arrumei, e ao olhar pro espelho, comecei a pensar no sonho que meu irmão tinha tido naquela noite. Ele sonhou que conversou claramente com nossa mãe, e ela contava como tinha sido ruim a experiência de morrer, e sobre como não lembrava de seus últimos dias. Comecei a pensar nela, e me deu uma tristeza. Aquele sentimento de como tudo seria mais fácil com ela aqui, como ela era um apoio em nossas vidas. E neste momento meu celular, que estava num criado-mudo começou a tocar uma música. Levei um susto! A primeira palavra que eu entendi foi graveyard, que quer dizer “cemitério”. Susto! O celular só tocou, não acendeu a tela. Prestei atenção na letra, e percebi então que meu celular estava “tocando” novamente o video que eu tinha assistido naquela manhã, mas sem mostrar o video, e sem qualquer intervenção minha. Prestei atenção na letra e comecei a chorar muito, de soluçar.

A parte que tocou diz assim:

“And when I grow to be a poppy in the graveyard 
I will send you all my love upon the breeze 
And if the breeze won’t blow your way, I will be the sun
And If the sun won’t shine your way, I will be the rain
And if the rain won’t wash away all your aches and pains
I will find some other way to tell you you’re okay.”

Tradução bem livre:

E quando eu virar uma flor no cemitério
Eu vou te mandar todo meu amor por meio da brisa
E se a brisa não abrir seu caminho, eu serei o sol
E se o sol não iluminar seu caminho, eu serei a chuva
E se a chuva não lavar todas as suas dores
Vou encontrar algum outra maneira de te dizer que você está ok.

Depois descobri que a música foi realmente escrita por uma mãe, e a primeira parte é sobre como ela vê seu filho e descobre que na verdade nunca tinha amado alguém como ama aquela nova pessoa que veio de dentro dela. “I have never loved someone”, da banda My Brightest Diamond.

            Linda, linda! Assim como minha mãe, que tinha o maior amor do mundo, tão forte que ainda chega até mim.